- Nem você, Enmanuel, e mesmo assim
me ataca aqui, no salão do Solarium! - o chão onde Lúcifer
agonizava era do Castelo Solarium, localizado no topo do universo,
onde Jeová supostamente descansava.
- Você não me deixou escolha,
quando derrotou nossos irmãos e invadiu a casa de nosso Pai,
disposto a despojá-lo e ascender acima Dele. - a arma que o
Primogênito empunhava, usada para vencer Lúcifer era um martelo de
guerra feito de pura luz, tão brilhante quanto o sol assim como as
paredes, o chão e o teto do castelo.
- Essa nunca foi minha intenção! -
protestou Lúcifer. - Amo nosso Pai acima de tudo, e sempre amarei
até o fim de minha existência eterna!
- Então o que pretendia, quando
rompeu as portas do Solarium sozinho, empunhando seu florete de
chamas alvas? - indagou o Primeiro Arcanjo.
- Não o escute, Enmanuel! - gritou
outro Arcanjo, às portas do Solarium. Era Miguel, que chegava ferido
após ser derrotado anteriormente pelas forças de Lúcifer. Ao lado
dele Uriel, a Arcanjo caçula e única fêmea, de onde Deus se
inspirou a criar a mulher. - Ele nada faz além de mentir e
ludibriar, e sua mente pacifista será facilmente obscurecida!
- Me toma por tolo, irmão? -
perguntou o Primogênito.
- Tomo-lhe por alguém que não tem
a perspicácia dos guerreiros! - respondeu o Supremo General, como
era conhecido o Arcanjo combatente.
- Então é isso? Serão três
contra um agora? - riu Lúcifer. - E o que farão? Irão me matar?
Uriel! - virou-se para a irmã, que levou a mão a boca, horrorizada
com o ferimento do irmão. - Eu disse que acabaria com a tirania de
Miguel e dos outros e você concordou comigo! Por que então, no
momento em que lhe conclamei a lutar do meu lado, você me abandonou?
- Eu não sabia que em seu plano
ardiloso incluía a invasão do aposento de nosso adorado Pai para
roubar sua essência e se tornar maior do que Ele! - chorou com raiva
a Arcanjo, vertendo lágrimas de fogo.
- Isto é um absur...
- Basta de suas artimanhas! - Miguel
já sacava sua espada flamejante e preparava-se quando Enmanuel
ergueu a mão, impedindo-o.
- Não, meu irmão. Sua punição,
apesar de desgostosa para todos nós, será ainda mais severa. Assim
como os que lhe acompanharam nessa sandice, será condenado a passar
a eternidade às bordas do Abismo, e ali poderá criar o reino de
obscuridade que quiser, até que nosso Pai desperte de seu descanso e
lhe aplique a sentença definitiva, que apenas o mais perfeito dos
seres é capaz de formular. (...)